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Nunca ME Sonharam

  • Foto do escritor: Preto
    Preto
  • 14 de nov. de 2019
  • 4 min de leitura


O documentário produzido no Brasil, por brasileiros, sobre a educação nesse vasto e diverso território é uma das coisas mais emocionantes com o qual tive contato, mostra não só a realidade das escolas e da educação do país, mas também os sonhos de quem está dentro desse universo dia e noite, seja professor ou aluno. Em uma hora e meia, o diretor Cacau Rhoden não só traça um perfil do abandono e do descaso, mas também te faz sonhar com a esperança de um Brasil pouco visto até 2017, o ano de lançamento da obra.


O filme que começa como um manifesto pró–juventude foi filmado entre os anos de 2015 e 2016 dentro de inúmeras escolas públicas espalhadas em todas as regiões brasileiras, escolas de periferia e de regiões desvalorizadas do Brasil, entrevistando professores, diretores, mas principalmente, estudantes cujo os sonhos não cabem dentro da escola.


Disponibilizado em diferentes plataformas digitais, o seu sucesso o fez ser exibido em diversas sessões por todo o país, incluindo sessões gratuitas, para diferentes públicos. Público esse que era sempre confrontado com a pergunta, “O país não está fazendo nada por sua juventude?” E mostrando as grandes expectativas de “mudança” por parte da juventude.


O recorte das diversas amostras presentes nesse organismo único vem como um soco quando o assunto é quebrar preconceitos mostrando com destaque uma escola nordestina com altos índices de aprovação nos vestibulares, e principalmente com uma educação envolvente e acolhedora, que não só forma vestibulandos, mas cidadãos apaixonados pelo mundo e em transforma-lo cada um em dentro de seu microcosmo contribuindo e combatendo em frentes diferentes para a construção de um a sociedade melhor.

Mas como o já é conhecido, a educação brasileira não é só maravilhas, ao contrário, o que era para ser regra e um padrão de qualidade se mostra uma utopia para muitos outros municípios e centros escolares. Em poucos minutos de filme, a realidade que já é dura o suficiente para o estomago do expectador, se mostra mais difícil ainda para quem a vive todo dia.


A pergunta que todos nós ouvimos em nossas juventudes “O que você quer do seu futuro? ” está presente em todo momento da incrível experiência áudio visual e, ao longo do documentário recebe resposta que, mesmo distintas, em suas essências são as mesmas, “Quero o melhor pra mim!”, mas é claro que a desigualdade cruel impões barreiras que muitas limitam o acesso as oportunidades e aos caminhos que levariam aos sonhos dos milhões de jovens e adolescentes sem acesso a infraestrutura e uma educação de qualidade.

“Podemos dizer que todos os jovens brasileiros tem as mesmas oportunidades?


Claro que não. Botar o “S” na juventude, né?! Então a gente vai falar sempre JUVENTUDES brasileiras!” (Nunca Me Sonharam)


É nesse contexto que se destaca a importância de um documentário feito por brasileiros para brasileiros, em que nossos problemas e realidades sejam expostas para que a sociedade como um todo se torne ciente e corrobore para melhoria e incentivo a educação, seja cobrando seus representantes políticos, seja incentivando estudantes ou mesmo ajudando dentro das escolas. O que não podemos é fechar os olhos para as nossas próprias demandas.


As diversas realidades e barreiras que o Brasil enfrenta hoje no campo de educação ainda limitam, e muito, todo o nosso potencial, isso sem dúvida, mas como muito bem colocado por uma das professoras que é entrevistada pelo documentário: “Mesmo a escola mais chata, salvou milhares de vidas no nosso pais!”. Ela explana como mesmo uma escola chata afasta muitos da criminalidade, da gravidez não planejada e de tantas outras situações que roubam o jovem do sonho de um futuro melhor.


A escola á como um palco giratório onde se encena uma história com vários núcleos e diversos protagonistas estão em ação ao mesmo tempo, esses protagonistas tem diversas faixas etárias e objetivos diferentes que unidos tecem uma história singular e perfeitamente encaixada, ao contrário do que muitos ainda pensam o professor não é o personagem principal, pelo menos não único, e o filme de Cacau deixa isso bem claro mostrando a vida e o envolvimento dos estudantes com projetos e espaços que vão muito além das salas de aula.


O depoimento de um aluno que, após o afastamento da bibliotecária, se disponibilizou a estar responsável pelo espaço e, ainda mais, mobilizou outros estudantes para que pudessem revitalizar o espaço é um exemplo comovente de como o espaço de aprendizado pode ser significativo e atraente quando é acessível a seus usuários. Protagonismo puro e vivo que nasce da simples oportunidade de acesso ao espaço.


O protagonismo estudantil se mostra uma das soluções para a “Escola Chata”, que é a escola tradicional, onde só o professor fala e os alunos, aqueles que não tem luz, vão receber o conhecimento do supremo sábio que está à frente. As escolas que se permitem uma troca ao invés de um monólogo do saber, tem em evidencia o interesse e o envolvimento de todos presentes na comunidade escolar, que com essa nova dinâmica só amplia ainda mais suas fronteiras e reforça suas redes.


Outro destaque da obra é a importância da singularidade e adaptação, onde professores contam suas experiências com a desconstrução de preconceitos, profissionais que passaram a ressignificar os processos e conceitos de certo e errado, organizado e desleixado, interessado e “perdido”. Ampliando e se reformulando conseguiram incluir e acolher através da educação. O processo de ressignificação que permite a pluralidade no olhar até mesmo do que é a escola e para o espaço denominado sala de aula, que a essa altura deixa de ser uma sala branca com quatro paredes e uma lousa e passa a ser todo o lugar que proporciona troca e crescimento do conhecimento, já não tendo forma fixa e nem restrições.


Fora tantas outras ricas informações que mostram o cotidiano de quem está dentro da comunidade escolar, o documentário emociona ao mostrar não só o sonho dos brasileiros de um futuro melhor, mas o presente de quem já luta todos os dias para que esse futuro se faça existente para todo e qualquer jovem que queira dele participar.

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